Assembleia Municipal unânime no pesar pelo falecimento de António Taborda - 2020.09.11

Ontem, a Assembleia Municipal de V N de Gaia aprovou por unanimidade um Voto de Pesar pelo falecimento deste resistente antifascista, observando um momento de silêncio em sua memória.
Porque o Fascismo existiu, importa recordar sempre o exemplo dos que se bateram contra ele.




Foto: António Taborda/Facebook

VOTO DE PESAR

Aos 86 anos, faleceu no passado dia 31 de Agosto o advogado António Monteiro de Almeida Taborda.

Natural do distrito de Portalegre, licenciou-se em Direito em Coimbra, em 1965.

Ainda estudante envolveu-se, em 1956, na luta contra o Decreto 40900, que visava o controlo governamental das associações de estudantes.

Entre 1959 e 1960 foi Presidente do Teatro dos Estudantes da Universidade de Coimbra (TEUC), e participou activamente na campanha do General Humberto Delgado para a Presidência da República, sendo então vítima de uma brutal carga policial em Coimbra.

Teve um papel relevante na ligação da AAC (Associação Académica de Coimbra) com a RIA (Reunião Inter Associações), e em 1961, já como membro da Direcção da AAC, passou a representá-la nesse organismo e empenhou-se na realização em Coimbra do I Encontro Nacional de Estudantes Portugueses (ICNEP), em que deveriam intervir todas as Associações e Pró-Associações de Estudantes do País, Encontro que foi proibido pelo Governo fascista que então fechou a AAC e instaurou processos disciplinares aos membros da Direcção da AAC, incluindo António Taborda,  processo que culminou com a exclusão de todos das escolas nacionais durante dois anos lectivos e a que foi adicionado ainda um processo-crime por desobediência ao Ministro.

Depois de formado a PIDE diligenciou para que não conseguisse qualquer emprego, tendo-lhe nomeadamente sido recusado um lugar na Caixa de Previdência Têxtil, um cargo de director na Câmara Municipal do Porto, e uma vaga do Banco Borges e & Irmão para a qual fora seleccionado, pelo que iniciou colaboração com Sindicatos e defendeu vários presos políticos no Tribunal Plenário do Porto, sempre com grave prejuízo da sua vida profissional.

Após o 25 de Abril de 1974 aderiu ao MDP/CDE e foi eleito deputado pelo círculo do Porto nas listas da APU nas II, III e IV Legislaturas, entre 1981 e 1987.

Foi advogado de todas as vítimas de atentados terroristas ao norte de Portugal, no julgamento da "rede bombista", no Tribunal Territorial Militar de Lisboa; com o Dr. Levy Baptista em representação da Embaixada de Cuba; com o Dr. Luso Soares em representação das sedes do PCP destruídas por bombas; e com o Dr. Artur Marques em representação do Sindicato dos Metalúrgicos de Braga.

Em 2014 foi um dos advogados dos presos políticos homenageados em sessão solene na Assembleia da República, promovida pelo Movimento NAM (Não Apaguem a Memória) e a OA (Ordem dos Advogados); em 7 de Novembro de 2013, por ocasião do 50º aniversário do seu exercício de advocacia, recebeu a Medalha de Honra da Ordem dos Advogados; e em Abril de 2019 foi condecorado pelo Presidente da República com a Ordem da Liberdade, reconhecendo uma vida de combate pela Democracia, o Progresso e a Liberdade.

 
A Assembleia Municipal de Vila Nova de Gaia, reunida em sessão ordinária em 10 de Setembro de 2020, delibera aprovar um Voto de Pesar pelo falecimento do Dr. António Taborda e observar um minuto de silêncio em sua homenagem, bem como expressar à família enlutada sentidas condolências.

Vila Nova de Gaia, 10.9.2020

Aprovado por unanimidade