Mensagem de Mário David Soares



Terminadas as eleições, importa fazer um balanço e dizer as palavras finais.

E a primeira tem a ver com esta página que eu gostaria que tivesse sido mais interactiva e fosse um elemento de ligação entre o candidato e os eleitores. A verdade é que assim não aconteceu: a exigência do trabalho do candidato e dos que o apoiavam, a impossibilidade, por falta de financiamento, para contratar uma empresa ou gente capaz de assumir esta tarefa, como outros o fizeram, tornou esta página muito menos eficaz do que aquilo que eu gostaria tivesse sido. Fica a aprendizagem de que vale a pena dedicar um ou mais apoiantes exclusivamente a esta tarefa.
A segunda palavra para todos os militantes e simpatizantes desta candidatura. Se algum êxito, talento, entusiasmo esta campanha teve, a eles se deve. Sabiam que este era, como será sempre na CDU, um projecto colectivo e que o cabeça de lista era apenas o seu porta-voz. Mas não me faltaram com a camaradagem e o carinho que nos consola nos tempos mais difíceis e nos dá a coragem necessária e suficiente para trabalhar sempre e cada vez mais.

A terceira palavra vai para os partidos que compõem a CDU, em particular o Partido Comunista Português de que sou membro activo há 42 anos. Envolvendo toda a organização da concelhia fizeram autênticos milagres com os poucos recursos materiais que tinham ao seu dispor. Formado por uma equipa dirigente muito jovem, completamente fora de todos os estereótipos que se pretendem colocar ao PCP, capaz de distribuir sorrisos mesmo nos momentos de maior stress, sinceros na avaliação dos diferentes momentos da campanha, os responsáveis da Concelhia do PCP de Vila Nova de Gaia foram o grande motor de dinamização desta candidatura. Por pudor e por respeito não citarei os seus nomes, mas, pessoalmente, faz-me falta não os citar.

A quarta palavra é para a Campanha eleitoral que fizemos. Decidimos que ela se basearia no nosso programa e na divulgação serena das nossas propostas. Definimos que o nosso lema “Abraçar Gaia, pela diversidade e pela igualdade “ seria o elemento que uniria as nossas propostas. E daí à definição de que Gaia precisava essencialmente e sobretudo de Coesão (territorial, social e cultural) foi um passo natural. O nosso programa foi apresentado e distribuído no dia 23 e Julho e colocado à disposição de todos na internet. Distribuímo-lo massivamente e foi em torno dele que interviemos nos debates que nos foi propiciado intervir. Não tememos que outros nos pudessem copiar porque as nossas propostas não eram flores de campanha, mas soluções para todos os gaienses. Mas, já agora, temos orgulho que a palavra coesão tenha entrado no vocabulário de todos os outros candidatos. Estivemos nas ruas e nas empresas, contactámos as populações e os trabalhadores, conversámos muito mais do que distribuímos papéis e, sobretudo quisemos que nos vissem como uma equipa que não faz promessas, que não oferece t-shirts nem lapiseiras, que não se impõe pela quantidade de meios que exibe, mas que tem a serenidade de estar convicta de que as propostas que faz são as que servem as pessoas e que podem contruir uma Vila Nova de Gaia desenvolvida, orgulhosa das suas identidades e coesa no seu território.

A quinta palavra é, naturalmente, para os resultados. Não pretendo, nesta análise que é estritamente pessoal, dissecar razões ou acusar quem quer que seja: os gaienses exprimiram-se e manifestaram as suas escolhas. Mas não posso deixar de lamentar que o terceiro maior município de Portugal em número de habitantes não tivesse tido a oportunidade de um debate televisivo em qualquer canal nacional. Talvez, dessa forma, os gaienses tivessem tido a oportunidade de ver quem era o 1° candidato da CDU e quais as propostas que apresentávamos. Talvez tivéssemos ficado um pouco menos reféns de disputas pessoais que minam a serenidade do debate e tivesse havido oportunidade de conhecer e escolher as propostas de uns e outros. Talvez tivéssemos tido a chance de não sermos esmagados pelo poderio de uns face à limitação de recursos de outros. Não queria que estas constatações e outras que poderiam ser feitas fossem vistas como desculpas: quando entramos numa batalha sabemos ao que vamos. Mas também não podemos ignorar estas e outras circunstâncias. Resumindo: a CDU não conseguiu alcançar os seus objectivos e esta é uma realidade com a qual vamos ter que viver nos próximos 4 anos.

A sexta e última palavra é para o futuro. Sempre dissemos que o nosso programa não era para as eleições, mas para a acção de CDU em Vila Nova de Gaia. Por isso, vamos continuar a agir em defesa das nossas propostas, agora transformadas em Plano de Acção. Nas freguesias, onde temos eleitos, na Assembleia Municipal, onde estamos presentes com dois deputados, em todos os espaços de intervenção, vamos continuar a afirmar a validade das nossas propostas e, sobretudo, vamos continuar a trabalhar e a lutar pela sua concretização. A CDU tem uma implantação no Concelho e tem um reconhecimento pela honestidade, competência e trabalho com que enfrenta os problemas das populações seu primeiro e último compromisso. Ninguém nos verá desanimados porque quem acredita nas suas convicções nunca desanima. Ninguém nos verá de braços cruzados perante as injustiças ou atropelos aos direitos do povo e dos trabalhadores. Ninguém nos verá dizer “não vale a pena”. Porque o nosso querer, a nossa alma é grande. E “tudo vale a pena/se a alma não é pequena”

Um abraço amigo do 
Mário David Soares

PS: Para os que na internet gostam de mostrar a sua ignorância e que são sempre tentados a mostrá-la, sempre lhes digo que “palavra” vem do latim parabola que significa fala ou discurso. Escusam pois de contar as “palavras” desta nota…