NI PCP - Despedimento colectivo na Makro - 30.4.2015

Makro, insígnia pertencente ao grupo alemão Metro,

promove despedimento colectivo em Portugal

 

A cadeia de lojas Makro, pertencente ao Grupo alemão Metro (detentor também da insígnia 'Media Markt') anunciou que pretende proceder a um despedimento colectivo em Portugal abrangendo cerca de 230 trabalhadores, sendo que cerca de 90 são trabalhadores da região do Grande Porto, das lojas de Matosinhos e de Vila Nova de Gaia.

Este despedimento colectivo transporta consigo uma tremenda injustiça sobretudo quando a empresa multinacional anunciou que em 2014 triplicou os seus lucros face a 2013, atingindo os 127 milhões de euros.

Estamos perante uma empresa que terá beneficiado de apoios do Estado Português e da União Europeia quando se instalou em Portugal e que agora ignora pura e simplesmente esses apoios que terão sido viabilizados recorrendo também aos impostos dos trabalhadores portugueses. Mais uma vez assistimos à transferência mais ou menos encapotada da riqueza gerada pelos trabalhadores directamente para os bolsos dos grandes empresários.

Acresce à injustiça que representa este despedimento colectivo o facto de a empresa, ao arrepio das regras, e em vez de anunciar a lista dos trabalhadores que pretende despedir e negociar com esses trabalhadores a eventual rescisão contratual, inverteu o processo e andou a "convidar" os trabalhadores a abdicarem do seu posto de trabalho, pressionando-os com a ameaça que se não aceitassem o acordo iriam ser incluídos no processo de despedimento colectivo e seriam despedidos com valores de indemnização inferiores.

Desta forma a empresa tenta tornear os procedimentos legais a que está obrigada no âmbito do despedimento colectivo. Nada garante que, depois de conseguir acordos de rescisão mais ou menos forçados com alguns trabalhadores, a empresa não venha a promover o despedimento colectivo do mesmo número de trabalhadores que tencionava incluir nesse processo antes de negociar as rescisões, aumentando por esta via o número de trabalhadores a despedir.

O PCP, através dos deputados na Assembleia da República Diana Ferreira e Jorge Machado, apresentou no dia 28 de Abril perguntas sobre este processo ao ao Ministro da Economia e ao Ministro da Solidariedade, Emprego e Segurança Social.  

O PCP entende que um grupo empresarial que apresentou os resultados positivos que alardeou em 2014 e que beneficiou dos apoios que terá beneficiado para se instalar em Portugal não deveria optar por fazer com que sejam os trabalhadores a pagar a factura de maus actos de gestão da Makro. O PCP repudia mais esta atitude típica do capitalismo mais selvagem, que invariavelmente opta pela sua máxima de partilhar os prejuízos e arrecadar os lucros.

Exigimos que o Governo e a Câmara Municipal de Gaia interpelem a empresa sobre as suas intenções e sobre a justeza das mesmas.

O PCP de Vila Nova de Gaia solidariza-se com os trabalhadores pressionados a aceitar as rescisões dos seus contratos e com os que, não tendo cedido às pressões a que foram sujeitos, possam eventualmente vir a ser objecto do processo de despedimento colectivo, e exorta-os a defenderem o seu posto de trabalho, demonstrando à empresa que a riqueza que ajudaram a criar ao longo dos anos, fruto do seu trabalho e empenho, deveria ser razão suficiente para que a sua entidade patronal não os considerasse dispensáveis e não os descartasse para garantir o crescimento da acumulação de lucros.

 

Vila Nova de Gaia, 30 de Abril de 2015

PCP/Gaia