Intervenção de Jorge Sarabando na Marcha pelo Emprego e o Desenvolvimento - 24.8.2013

 MARCHA PELO EMPREGO
E O DESENVOLVIMENTO

As propostas da CDU/Gaia

Hoje, 24 de Agosto, a CDU promove esta marcha pelo emprego e o desenvolvimento, com a presença do Secretário-Geral do PCP, Jerónimo de Sousa.

Na verdade, esta é uma forma de intervenção política que sempre privilegiámos, a par da nossa presença nos órgãos autárquicos, de que justamente nos orgulhamos. Só na Assembleia Municipal apresentámos mais de 150 requerimentos, embora muitos tenham ficado sem resposta, num trabalho sem paralelo. Quem quiser conhecer os problemas do nosso Concelho nos últimos anos consulte os documentos municipais (estes não serão certamente destruídos ao fim de poucos anos como aconteceu com os dos swaps no Ministério das Finanças…) e lá encontrará a marca inconfundível da CDU, as nossas perguntas, os problemas das populações, as nossas propostas, a exigência de soluções, num esforço persistente de participação popular e de dignificação do Poder Local Democrático.


Mas tem sido nos locais de trabalho, tem sido nas ruas, onde decorreram as maiores lutas. Assim tem sido e assim será, pois é nas ruas que sopra o vento, é aqui que se pode formar a vontade de mudança, tão necessária, tão urgente, tão decisiva para o futuro de todos nós.

Sim, é verdade, desfilámos por estas ruas, por grandes causas colectivas, como aconteceu com as marchas que organizámos contra o encerramento de serviços públicos, como unidades de saúde ou correios, contra a extinção de freguesias, contra a introdução de portagens, com particular destaque para o pórtico de Gulpilhares.

Sim, é verdade, manifestámo-nos ao lado dos trabalhadores contra a criação de mega-agrupamentos escolares, que tanto desemprego ocasionaram, contra a lenta asfixia do Centro de Produção da RTP, do Monte da Virgem, que o actual Governo acentuou, contra o encerramento da Cerâmica de Valadares, empresa ícone da indústria gaiense, vítima de gestão incompetente e de cumplicidades das entidades públicas.

Sim, é verdade, estivemos presentes nas Greves Gerais, em defesa dos direitos de quem trabalha e da economia nacional.

Sim, é verdade, durante décadas lutámos para que fosse recuperado para o Serviço Nacional de Saúde o valioso equipamento com esse fim doado pelo Dr. Ferreira Alves, médico distinto, prestigiado autarca, saudoso camarada. Ao fim de tantos anos desta luta, em que na Assembleia da República e nos órgãos municipais estivemos sempre na primeira linha, finalmente foi construído o Centro de Reabilitação Física do Norte, que tanta falta faz. Foi uma grande vitória. Mas agora este Governo que nos desgoverna quer entregar a sua gestão a uma entidade privada, para mais sem concurso público. Então sejamos claros: para a CDU a gestão do Centro de Reabilitação de Valadares deve ser pública, pois é ela que melhor defende a igualdade de direitos de todos os utentes, melhor garante o interesse nacional e, em última análise, a que cumpre integralmente a vontade do doador.

Sim, é verdade, nada se alcança sem luta, nada foi dado, tudo foi conquistado e tem de ser defendido.

O programa tripartido da Troika agravou a crise dos últimos anos, enfraqueceu a economia, aumentou o desemprego, mergulhou o País numa tragédia social sem precedente no Portugal de Abril.

O desemprego no Concelho de Gaia é dos mais elevados e tem vindo a crescer, tanto no sector público como no privado. O concelho estagnou, entre obras paradas e obras adiadas. Por iniciativa da Câmara poucos investimentos, geradores de emprego, foram realizados. Na intensa propaganda, em que são gastos rios de dinheiro, sobra a parra e falta a uva. Os números oficiais não mentem:
  • nos últimos dez anos, o desemprego registado subiu de 7 para 12%, e na população em idade activa, cresceu de 14% para 33%.
  • em dez anos, encerraram 6 mil estabelecimentos comerciais provocando cerca de 15 mil desempregados.
  • o Outlet de Grijó não é hoje apenas um equipamento deserto e abandonado: é o espelho de uma política.

Como sempre dissemos – em Gaia e no País é necessário mudar de rumo.

E aqui dizemos hoje – num quadro fortemente condicionado por uma política fomentadora de mais recessão, de mais desemprego e de um empobrecimento crescente da população, num Município fortemente endividado, é possível, com outra vontade, outras prioridades, outro sentido de responsabilidade, com os pés bem assentes na terra, voltar a página, e iniciar um novo ciclo de desenvolvimento, o que significa com mais emprego, mais solidariedade, mais democracia.
É possível outra política, sem promessas irresponsáveis mas sim compromissos sérios para honrar.

São compromissos da CDU:

  • Criar um Gabinete Municipal do Investimento, com base em verba a fixar, vocacionado para o relacionamento com os agentes económicos, com vista a desburocratizar os procedimentos e a privilegiar e apoiar os investimentos no sector produtivo, geradores de mais postos de trabalho e de produtos de maior valor acrescentado;
  • Como sempre defendemos, reduzir a Derrama e o IMI, revogar a Taxa de Protecção Civil e, não havendo alteração da prática dos operadores, a Taxa Municipal dos Direitos de Passagem;
  • Dar prioridade à reabilitação urbana, tomando como pólo o Centro Histórico, com vista ao seu repovoamento, dando maior atenção aos antigos moradores deslocalizados;
  • Revitalizar o comércio tradicional, reduzindo preços de licenciamentos, melhorando as condições de estacionamento, preparando zonas pedonais e pondo termo ao favorecimento das grandes superfícies e à desregulação dos horários;
  • Dinamizar a actividade cultural, designadamente na sua conexão turística, e privilegiando a cooperação com o Município do Porto;
  • Intensificar a luta, com todas as forças vivas do concelho, pelos investimentos públicos já prometidos, como a extensão do Metro a Vila d'Este, o Centro Hospitalar e os Centros de Saúde, com destaque para o de Vilar de Andorinho e Madalena.

Estes são os nossos compromissos.

Para os concretizar, a CDU precisa de ter mais força, e para ter mais força e influência precisa de ter mais votos.

É esse o apelo que aqui fica.

É preciso mudar de rumo e para isso, mais do que frases simpáticas, de que todos gostamos, em outdoors, e uma feira de ilusões, são precisas ideias úteis e propostas concretas, com pessoas sérias, trabalhadoras, competentes, que só têm compromissos com o povo a que pertencem.

Serão esses os eleitos da CDU!

Vila Nova de Gaia, 24 de Agosto de 2013