NI - CDU Gaia apresentou cabeças de lista para Câmara e Assembleia Municipal- 27.2.2013

Decorreu, hoje, a apresentação dos primeiros candidatos à Câmara, Jorge Sarabando, e Assembleia Municipal, Paula Batista, no Salão Nobre da Junta de Freguesia de Mafamude.

Transcreve-se a intervenção de Jorge Sarabando:

O anúncio dos nomes que encimam a candidatura da CDU, a que sucederá oportunamente, em sessão pública, a apresentação do seu Manifesto e dos Mandatários, ocorre num momento crítico da vida do nosso País.

A recessão económica resultante das imposições aceites no Memorando de Entendimento da Troika, subscrito pelo PS, o PSD e o CDS, está a gerar o aumento imparável do desemprego, do trabalho sem direitos, a destruição do tecido empresarial, e a generalizar a pobreza na maioria da população. Por este caminho, não apenas estão em causa a capacidade de pagar a dívida externa e os seus juros usurários, como a própria soberania nacional, já hoje severamente limitada.

As opções políticas da Câmara não têm servido de contenção ou de moderação dos efeitos mais nocivos das decisões de sucessivos Governos, antes os tem reproduzido e ampliado.

O alegado peso institucional do Município, e do seu mediático Presidente, não evitou que essenciais investimentos públicos, como o Hospital, a extensão do Metro e a activação do Centro de Reabilitação Física, há longos anos prometidos, estejam adiados, que relevantes serviços públicos tenham encerrado, que a rede de transportes colectivos seja cara e insuficiente, e tenham sido instaladas portagens dentro do próprio concelho.

Todo o dinamismo alardeado pela Câmara não impediu o encerramento de grandes empresas, algumas de forte marca identitária como a Cerâmica de Valadares, e não foi capaz de atrair novos investimentos com dimensão, para reempregar, pelo menos em parte, os milhares de trabalhadores despedidos.

A sempre propalada saúde financeira do Município, apesar dos cortes orçamentais impostos nos últimos anos por diferentes Governos, não obstou à penúria de recursos com que se debatem diferentes serviços dependentes da autarquia, o cancelamento dos apoios às associações culturais e de desporto juvenil, nem evitou a adesão ao PAEL (Plano de Apoio à Economia Local) altamente lesivo da autonomia do Município, a par de pesados aumentos de impostos, taxas e preços.

A invocada" sensibilidade social" da Câmara mede-se pelo montante atribuído à Acção Social, pouco mais de 1% do Orçamento aprovado para 2013.

É tempo de voltar a página, de pôr termo à deriva propagandística, de anúncio de projectos megalómanos, ou fantasiosos como os atravessamentos do rio Douro por túnel e diversas pontes, enquanto, ao mesmo tempo, nada se consegue fazer para impedir a degradação da Ponte D. Maria Pia.

O ano de 2013 não será apenas o último de um ciclo de mandatos, representa também o crepúsculo de uma ideia, de um modelo de desenvolvimento baseado na atracção de investimento privado, dirigido para uma certa gama de empresas e um turismo endinheirado.

Para isso se concebeu o actual PDM, se fizeram planos como o da Telheira, se rasgaram certas vias e cuidaram de alguns arruamentos mas esquecendo a maioria, se aprovaram isenções e benesses, e até se criou uma empresa presidida por um polémico embaixador, para projectar Gaia nas" praças financeiras de Londres e Nova Iorque". Construiu-se a imagem de um Concelho polvilhado de campos de golfe, 14 dizia-se, larga oferta de hotelaria de luxo, centros de negócio, quintinhas rurais à beira Douro, um Centro Histórico repovoado de novos e abastados moradores, torres gémeas na serra do Pilar, em Pedroso uma nova Brasília, em Valadares uma nova Florida para tratamento de pessoas privilegiadas, na Rotunda da VL8 uma espécie de Manhattan, "a meia hora do Aeroporto", e na Quinta Marques Gomes só não nasceu uma cidadela para clientes Vip por oportuna intervenção da CCDRN, que limitou a capacidade construtiva para um terço, mas que não obstou, no entanto, à escandalosa devastação arbórea ali ocorrida..

Em 12 anos Gaia progrediu, é certo, como em geral progrediram as três centenas de Municípios portugueses, apesar da crescente asfixia financeira imposta por sucessivos Governos  nas últimas décadas.

O tempo do ilusionismo passou.

A verdade é que Gaia é hoje um concelho com os mais elevados índices de desemprego e pobreza, com enormes carências no apoio social, com o comércio tradicional a definhar, com as insolvências a crescer, com sérios problemas de mobilidade, um concelho a duas velocidades – uma orla marítima e estuarial alindada, de um lado,e a grande massa interior, do outro.

A paisagem está hoje pontuada por grandes empreendimentos paralisados, obras suspensas, e também do que não se vê: os investimentos que afinal já não vêm.

Gaia precisa de outra política, com outros critérios e prioridades, mais voltada para as pessoas e a garantia dos seus direitos, para a qualidade de vida das populações, guiada pela equidade e pela justiça social.

Precisa de outra cultura na gestão municipal, de proximidade, de verdade, de democracia, de exigência.

Precisa de uma estratégia de desenvolvimento voltada para o pleno aproveitamento das suas potencialidades, capaz de promover a reindustrialização.

Será com base nestes princípios e objectivos que a CDU apresentará o seu Programa Municipal.