Urbanismo e especulação imobiliária - Texto de IF

Quem conhece a Quinta Marques Gomes, em Canidelo, percebe a preocupação que temos com o abate de árvores que ali se iniciou. Esta é uma das últimas grandes e preciosas matas, que chegaram até aos nossos dias, no centro urbano de Gaia. Situada numa das freguesias mais populosas, com quase 40 mil habitantes, foi no palacete daquela quinta que funcionou uma creche e infantário, após a revolução de Abril de 1974. Foi naquela quinta que os moradores construíram um ringue desportivo para as crianças e jovens. Foi nos caminhos da mata e junto do lago que muitos moradores praticaram atletismo. Por isso, sempre defendemos que o palacete fosse transformado num centro cultural, dado que não existe nenhum em Canidelo, que a mata e o lago fossem transformados num parque municipal urbano, aberto à população, e que nas construções anexas se instalasse um centro de convívio dirigido sobretudo aos idosos e às crianças. São equipamentos que faltam nesta freguesia tão populosa.
Na parte restante da quinta, a norte, sempre admitimos que houvesse construção habitacional, de densidade baixa, devidamente controlada e enquadrada na paisagem, sem prejuízo das árvores.
Mas todos sabemos que, há cerca de cinco anos, tivemos de lutar contra um projecto megalómano que a maioria PSD/CDS aprovou, com o voto contra da CDU. Depois, a própria CCRN chumbou o projecto que era um atentado ao Plano Director Municipal. Agora, que a revisão do PDM ainda não foi aprovada, assiste-se a este abate de árvores. Lutaremos para que não se transforme num novo atentado ambiental, a exemplo do que aconteceu com cerca de mil sobreiros abatidos na zona da Telheira, em Vilar do Paraíso, para albergar o mega centro do Ikea. O urbanismo deve respeitar o ambiente e os direitos dos moradores. Não se pode sacrificar tudo à especulação imobiliária.

Ilda Figueiredo
Vereadora da CDU na Câmara Municipal de V N Gaia