Na margem esquerda do Douro - Texto de FT

Há muito que se reclama, para as margens do Douro, uma intervenção urbanística que permita a fruição da paisagem e o lazer pela população que ali vive ou ali se desloca.

A poluição das águas do Douro e do areal têm de ser primeira preocupação, quer pela necessidade de descontaminação do rio, quer pela urgência de alerta para os graves perigos para a saúde que a utilização daquele espaço, como praia fluvial, significam.

A poluição das águas do Douro está longe de ser, como afirmou o vereador da Câmara Municipal numa recente reunião da Assembleia Municipal, um problema dos outros concelhos ribeirinhos, que acusou de continuarem a atirar para o rio o saneamento sem qualquer tipo de tratamento. De facto a Câmara Municipal de Vila Nova de Gaia, apesar de fazer pagar a todos os gaienses uma elevada taxa de saneamento, continua a lançar no rio Douro, através, entre outras, das ribeiras do Areínho, níveis significativos de poluição. Basta deslocar-se ao sítio onde as águas da ETAR do Areínho são lançadas para a ribeira que as leva para o Douro, para verificar que as águas lançadas pela ETAR são visivelmente sujas e, mais grave, poluídas. A zona envolvente das ribeiras do Areínho é, na sua grande maioria, cultivada por moradores da zona que se vêem agora a braços com a impossibilidade de utilizar a água da ribeira para a rega dos campos, pois a sua utilização seca, adoece e mata as plantas! É responsabilidade e obrigação da Câmara Municipal exigir da Empresa Águas de Gaia, o correcto e eficaz funcionamento das ETAR(es).

A margem do Douro, entre a ponte D. Maria (também à espera de recuperação) e o Areínho de Oliveira do Douro, é um percurso para o qual a maioria PSD/CDS, em campanha eleitoral, prometeu a construção de um corredor pedonal. Esta parte da margem é de facto percorrida por turistas estrangeiros e gaienses, especialmente entre o Cais de Embarque de Quebrantões e o Areínho, mas o passeio pedonal, com preservação da margem do rio, continua por construir!

Até as pontes sobre as ribeiras que ali afluem no Douro, são "provisórias", em mau estado e a manutenção que recebem, obra dos moradores. Quando uma destas pequenas pontes ruiu, a Câmara Municipal construiu uma nova, provisória e em ferro, e as pedras da velha ponte continuam atiradas no leito da ribeira, ao lado de muitos outros destroços trazidos pelos caudais do Inverno.

Após uma visita da CDU a este local, alguns responsáveis autárquicos apressaram-se a mandar limpar as ribeiras, mas apenas retiraram o lixo do leito da ribeira, deixando-o agora nas suas margens!

Não é pelo discurso, pela propaganda ou pelas promessas, por muito "verdes" que sejam, que se preserva o ambiente e o equilíbrio ecológicos dos espaços.