Nota de Imprensa - CDU vota contra a revisão do PDM - 1.6.2009

Decorreram hoje duas reuniões de Câmara: uma ordinária, privada, com 91 pontos para apreciar em 90 minutos; e uma reunião extraordinária, pública, convocada com o prazo mínimo legal (2 dias) para aprovar a proposta de revisão do PDM.

Câmara aprova proposta da CDU

Na reunião privada a CDU apresentou, como anunciara, uma proposta (ver abaixo) visando a rápida entrada em efectivo funcionamento da Autoridade Metropolitana de Transportes, que viria a ser subscrita por todas as forças partidárias e aprovada por unanimidade.

Apresentaram-se ainda dois requerimentos, ambos em anexo: um visando esclarecer os motivos pelos quais a Empresa Municipal "Águas de Gaia" não estava a proceder, como solicitado pelos moradores e como há muito fazia, ao esvaziamento de fossas sépticas nas habitações situadas na escarpa da Serra do Pilar, tendo sido referido que o "problema técnico" iria ser ultrapassado rapidamente, o que se espera venha efectivamente a suceder.

O segundo requerimento solicita esclarecimentos sobre a anunciada construção de um parque de estacionamento com elevador junto à Ponte D.Luís e sua implicação no processo do Teleférico, mas a este não foi dada imediata resposta. Também nele se questionou se os moradores da zona iriam ser isentos, como a CDU há muito exige, do pagamento de parcómetros, mas igualmente não foi dada resposta.

A uma questão da CDU sobre o atraso das obras em Vila d'Este, que chegaram a estar anunciadas "para Maio", a maioria não soube responder, uma vez que nem o Presidente, nem o Vice-Presidente se encontravam na reunião.

PDM: reedição de uma atitude deplorável


Há 16 anos atrás, a maioria absoluta PS, que no início do mandato acabara com a participação multipartidária na preparação dos elementos do PDM, apresentou, com uma antecedência de apenas dois dias, uma proposta de PDM com evidentes carências e problemas, tendo a CDU, que inicialmente lhe concedeu o benefício da dúvida, votado contra o mesmo após ter havido algum tempo para o apreciar devidamente e se revelarem mais claramente as suas deficiências. Na mesma altura, o PSD, que votara a favor, igualmente alterou a sua apreciação após estudar o documento, vindo a abster-se na votação final em Assembleia Municipal.

Agora, a actual maioria aprova sózinha, com o voto contra da CDU e a abstenção do PS, um documento que contém aspectos orientadores e opções políticas que, a médio prazo, se mostrarão nocivas para o Concelho.

A este respeito, acresce referir ainda que se estranha a urgência agora e repentinamente imposta a um processo que já conta com um atraso de 5 anos, obrigando a uma apressada votação em período de grande actividade dos partidos e apesar de a CDU, formalmente, ter solicitado o adiamento desta apreciação por uma semana, o que foi recusado e que permitiria uma análise mais pormenorizada das cerca de mil alterações introduzidas e que estavam em causa.


CDU/Gaia
Gabinete de Imprensa

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Autoridade Metropolitana de Transportes
 
Considerando que:
•    A existência de uma Autoridade Metropolitana de Transportes é uma necessidade objectiva da região, e, por isso, ao longo de anos foi reclamada por diferentes entidades políticas;
•    Que foi criada a AMT, como EPE (Entidade Pública Empresarial), por decisão do Conselho de Ministros de 31 de Julho de 2003, tendo por objecto a prestação de serviços públicos relativos à gestão, exploração e desenvolvimento do sistema de transportes, em articulação com o desenvolvimento urbanístico e o ordenamento do território;
•    Que em 12 de Janeiro de 2004, em cerimónia presidida pelo Ministro das Obras Públicas de então, foi dada posse à respectiva Comissão Instaladora, mas até 2009 não mais se avançou;
•    A legislação referente ao Regime Jurídico das AMT (Lei 1/2009) foi publicado em 5 de Janeiro passado, e anunciava-se então que “em Fevereiro” estaria instalada a AMT/Porto.
 
A verdade é que, decorridos mais de 5 anos desde o início da produção legislativa sobre esta matéria, ainda não há no terreno uma Autoridade Metropolitana de Transportes que responda às prementes necessidades das populações. Os problemas subsistem e agravam-se e as respostas são parcelares.
 

Assim, a Câmara Municipal de Vila Nova de Gaia, reunida em 1 de Junho de 2009, delibera
 
1.    Considerar do interesse do Município de Gaia a urgente entrada em funções efectivas da Autoridade Metropolitana de Transportes do Porto
2.    Requerer do Governo informação e esclarecimento sobre as razões do atraso existente e a expectativa da sua entrada em funções.
 
V. N. Gaia, 1 de Junho de 2009



Enviar a:
Governo; Secretaria de Estado dos Transportes; Junta e Assembleia Metropolitana do Porto; Assembleia Municipal de V N de Gaia; Comunicação Social

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Revisão do Plano Director Municipal
Declaração de Voto

1. O Plano Director Municipal (PDM) até hoje em vigor foi aprovado em 1993 - já lá vão 16 anos – com o voto contra da CDU, e ratificado, em 1994, pelo Conselho de Ministros, com exclusões que nunca foram devidamente ponderadas.

Os responsáveis da actual maioria declaram, no início do seu primeiro mandato, em 1998, a Revisão do PDM como sendo uma “prioridade absoluta”, mas só em 2001 (no final desse primeiro mandato) viriam a deliberar dar início ao respectivo processo.

Depois de uma mera sessão informal, em 2003, na empresa municipal Gaiurb, o Presidente da Câmara apresentou publicamente o planeamento da revisão, em 5 de Novembro de 2004, anunciando então que aquela deveria estar pronta, e cita-se, "até Julho de 2005". Apesar de constituir um atraso de um ano, tal prazo seria ainda assim aceitável, caso fosse efectivamente cumprido.

Porém, terminado mais um mandato, o processo continuaria a desenvolver-se no silêncio dos gabinetes. E só em 2007, em Julho, viria a ser apresentada e votada em Câmara uma proposta provisória de Revisão, para ser enviada à Comissão Mista de Coordenação, tendo a CDU votado contra e denunciado o atraso verificado, o qual permitiu um conjunto de alterações, pela via da suspensão pura e simples ou pela aplicação de Planos de Pormenor e de Urbanização conducentes à criação de situações de facto que condicionassem a Revisão e diminuíssem as alternativas.

Em finais de 2008, foi deliberado abrir um período de consulta pública sobre a proposta de Revisão, a qual decorreu em período pouco indicado para tal.
Só muito tardiamente foi feito um pequeno esforço para incrementar a participação pública nessa discussão, o que, consequentemente, levou à fraquíssima participação registada, o que, num documento com as implicações deste, é inaceitável.

Nesse período terão sido registadas perto de um milhar de solicitações de alteração pontual, muito relacionadas com interesses particulares, mas sem que se tenha registado uma apreciação global e com a participação de todos.

A revisão do PDM leva, pois, um atraso de 5 anos; e é óbvio que a pressa que se regista nesta fase final é reveladora das intenções da maioria de tentar fazê-la publicar ainda durante este ano, de novo condicionando os futuros Executivos.


2. A actual maioria PSD/CDS comete exactamente os mesmos “pecados” cometidos pela Vereação maioritária PS aquando da aprovação do primeiro PDM: impediu a participação de outras forças partidárias na elaboração de um documento que, por se destinar à gestão do Concelho durante um período bastante alargado, deveria reunir o máximo de consenso possível; criou situações que só poderão ser ultrapassadas por incumprimento ou por alteração profunda e desvirtuação das intenções anunciadas, por muito louváveis que possam ser.

Importa recordar que a actual maioria procurou, ilegalmente, alterar a Carta da REN para permitir a implantação de projectos imobiliários; que criou instrumentos de planeamento urbanístico visando alterar disposições essenciais do anterior PDM; que aprovou projectos de elevado impacto, como é o caso da Urbanização da Barrosa, ou as diversas formulações para a Quinta Marques Gomes, que condicionaram irreversivelmente a revisão; e que, apesar de não ter desenvolvido os esforços que se impunham para resolver situações de construções clandestinas que surgiram de necessidades e carências objectivas, de que é exemplo o caso da Escarpa da Serra do Pilar, se dispôs, por outro lado, a beneficiar interesses económicos e a alterar o PDM (e até a sua Revisão) para dar resposta a solicitações menos merecedoras de atenção.

Ao longo do tempo, foram sendo lançadas e abandonadas ideias, como a da multiplicação de campos de golfe, que mais não foram do que meros veículos de auto-promoção.

É caso para dizer que esta maioria, mais uma vez, se fez forte com os fracos, e fraca com os fortes.


3. A CDU, logo desde 2002, tentou que se realizasse um debate sério sobre o PDM e sobre a sua revisão, mas a maioria nunca aceitou qualquer das suas propostas, nomeadamente de apreciação, na Assembleia Municipal, de todo o processo.

Aliás, logo após a não-ratificação governamental de alguns aspectos do Regulamento do PDM de 1993, a CDU propôs que se fizesse um estudo sobre as implicações desse facto no documento, mas tal nunca foi feito.

Em 12 de Dezembro de 1994 a CMG aprovou por unanimidade uma proposta do PSD que previa que fosse feita uma informação acerca das implicações da não ratificação de normas do Regulamento do PDM. Nunca foi feita.

Em 10 de Março de 1997 a Câmara aprovou por unanimidade uma proposta da CDU para iniciar um estudo de revisão do PDM face ao Plano de Ordenamento da Orla Costeira (POOC) e às insuficiências do PDM devido à não ratificação total. Nunca foi feito.

Existem referências, nomeadamente em acções inspectivas, de que o PDM foi desrespeitado repetidamente, e que foi feita “letra morta” da resolução de ratificação governamental que excluíra algumas normas.

Entretanto, o PDM ainda em vigor tem sofrido suspensões (ou tentativas disso) pontuais. Vejamos alguns exemplos:

• Em 1997, para edificação do aterro sanitário em Sermonde
• Em 2000, para tentativa de alteração pontual na orla costeira
• Em 2001, para questões ligadas ao Centro de Estágio Olival/Crestuma
• Em 2002, para a zona da Telheira
• Em 2003, há uma nova tentativa de alteração da REN na zona do Centro de Estágio Olival/Crestuma, alegando-se “meros ajustes técnicos”; depois de intervenção da CDU, que denunciou a tentativa de alteração ilegal da Carta REN, a questão foi adiada por “uma semana”, mas nunca voltou a ser apreciada
• Em 2004, de novo para a zona do Centro de Estágio Olival/Crestuma
• Em 2004, foi pedida suspensão na zona Polis
• Em 2005, de novo para a zona POLIS, sendo expressamente invocada urgência para que o último Conselho de Ministros antes das eleições desse ano ratificasse a suspensão - o que não veio a acontecer, felizmente, caso contrário o plano da ESAF (Espírito Santo Activos Financeiros, do grupo BES), para a Quinta Marques Gomes teria avançado à vontade
• Em 2005, registou-se uma alteração da zona da Reserva Ecológica Nacional (REN) em Lever, pela via da declaração de utilidade pública, alegadamente por causa da ETAR de Lever
• Em 2006, nova alteração, para possibilitar a edificação do “Media Parque” no Monte da Virgem e de um Hotel de luxo no Centro Histórico

Em Maio do ano passado, finalmente, a maioria aceitou a criação de uma Comissão Eventual para acompanhamento do processo. A CDU absteve-se quanto a essa proposta, e está à vista a razão que lhe assistia: tal Comissão não chegou a ser constituída e a reunir.

Tratou-se assim e apenas de mais uma manobra de promoção propagandística, sem qualquer intenção real de discussão, como então denunciamos.


4. Assim, porque não houve qualquer debate profundo sobre o processo, e também porque esta proposta apresenta orientações e articulados de que discordamos, pois tem subjacente um tipo de crescimento dual, concentrando mais construções no que já é urbano, à custa da diminuição das zonas verdes (RAN e REN), e à limitação do desenvolvimento urbano no interior do Concelho, criando-se um desequilíbrio entre o litoral e o interior que terá inevitáveis custos no desenvolvimento de algumas Freguesias.

Esta Revisão levanta preocupações quanto à preservação das áreas REN e RAN, outras zonas verdes e à expansão desenfreada da área e dos índices de edificação, já hoje muito elevados. Aposta num modelo de desenvolvimento que não responde às grandes carências sociais, e não houve empenho na participação da população.

A CDU, tal como em 1993 e lamentavelmente, volta a não ter qualquer alternativa senão votar contra um PDM que, no futuro, se mostrará incapaz de dar resposta às necessidades do Concelho e que transporta em si mesmo as condições necessárias para a sua própria desvirtuação, “pecados” que igualmente marcaram o PDM de 1993.


V N de Gaia, 1 de Junho de 2009